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19 de abril: Dia do Índio, história, cultura e tradições dos povos indígenas de Mâncio Lima


O estado do Acre apresenta um cenário ricamente diversificado com seus povos e tradições. Mais precisamente, no município de Mâncio Lima, a cidade mais ocidental do Brasil, rica em biodiversidade e biodiversidade étnica, existem três etnias, que assim como muitos outros grupos indígenas, prezam pela manutenção de suas línguas, crenças e tradições.

O povo Puyanawa tem na narrativa da criação a materialização do povo verdadeiro (ũdi kuĩ), tendo o sapo (puya) como seu principal símbolo e informe. Estes dividem-se em notáveis nomenclaturas: sapo verdadeiro, (puya), jia (txurã), sapo verde (kampũ), rã (txãki), canoeiro (tua), cururu (karawã).

Localizados nas comunidades Barão e Ipiranga, os Puyanawa atualmente vivem um processo de retomada cultural protagonizado pelo próprio povo. Os Nukini fazem parte da fascinante e peculiar presença indígena na região. Possuem uma organização clãnica, onde os mais velhos sabem definir com precisão os clãs a que pertencem e seus respectivos significados. Esta etnia também tem uma história constituída por renomados saberes deixados por seus ancestrais. O povo Nawa é classificado antropologicamente como um grupo ressurgido e que alguns anos vem travando constantes lutas pela demarcação e reconhecimento oficial de seus territórios.


Compartilhando Saberes


Os povos indígenas acreanos especificamente os da família Pano, derivam-se pela junção de algum elemento cultural, por exemplo: Puya, quer dizer sapo, e Nawa, povo ou gente. O sufixo é também empregado para se referir ao não-indígena, estrangeiro, pessoas que não pertencem especificamente aquele grupo. Entretanto, esses povos tem seus próprios determinantes e autodenominações, com muitas singularidades que carecem de um estudo mais aprofundado. Esses povos ainda são detentores de notáveis conhecimentos, resistiram fortemente ao poder opressor dos patrões seringalistas e cotidianamente buscam afirmar suas identidades.


Etnoturismo

Os Puyanawa, bem como os Nukini fazem parte dos grupos Pano que ocupam o oeste peruano, noroeste amazônico brasileiro e nordeste boliviano. A presença das três etnias em Mâncio Lima, sem sombras de duvidas enriquece imensamente a cultura local, com aproximação e valorização desses povos, criando expectativas e incentivo especialmente nos mais jovens a estudar e registrar suas próprias raízes. Em homenagem ao Dia dos Povos Indígenas, convidamos a todos mergulhar profundamente na essência e ancestralidades desses povos, tornar nossa cidade mais unida, mais próspera e com muita diversidade.


Nossa homenagem de hoje trás o texto de um jovem indígena, que mostrou que índio pode sim galgar passos além da aldeia, um estudioso e defensor das tradições e costumes dos povos de Mâncio Lima. A nossa homenagem às populações tradicionais que, às margens de rios e igarapés desenvolveram a então Vila Japiim, hoje município.


Do pequeno povoado localizado as margens esquerda do Rio Japiim, afluente do Rio Moa, Jósimo tem ganhado destaque nacional e internacional no meio ambientalista e, principalmente, nos fóruns de discussões e debates sobre a preservação e resgate da cultura, tradição e costumes indígenas.


Jósimo Constant (Kãdeyruya)

Natural do povo indígena (ũdi kuĩ) Puyanawa, atualmente conclui seu doutorado em antropologia social pelo Museu Nacional da UFRJ. Com um brilhante currículo acadêmico, tem se dedicado a dar maior visibilidade a memória de seu povo, especialmente com a orientação dos mais velhos. Foi selecionado para participar do Programa Ponte de Talentos da Fundação Lemann, onde está recebendo mentoria para cursar Pós-doutorado nas melhores universidades do mundo. Juntamente com alguns jovens de nosso município está fundando o Instituto Educacional Iskô Mãdayta, como uma singela homenagem a sua maior interlocutora, Railda Manaitá, considerada a síntese do povo e a pessoa que ainda domina com fluência a língua Puyanawa (vãda kuĩ). Recentemente, foi um dos premiados pela Prefeitura de Mâncio Lima, com Certificado de Reconhecimento Cultural, pela Lei.


Jósimo Constant, Bacharel em Antropologia, Sociologia e mestre em Direitos Humanos pela UnB. Especialista em Língua Inglesa - PUC - RJ, Doutorando em Antropologia Social pelo Museu Nacional da UFRJ.


Imagens: Arquivo ASCOM

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