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Povos da Floresta na COP30: Mâncio Lima leva sua força ancestral ao centro do debate climático mundial

  • Foto do escritor: Jenildo Cavalcante
    Jenildo Cavalcante
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura
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A relação entre as atividades humanas e o aquecimento da Terra é resultado de dezenas de milhares de estudos que formam uma verdadeira montanha de evidências científicas. A temperatura global aumenta, as florestas adoecem, os oceanos se desequilibram, os rios transbordam ou somem de maneira vertiginosa e o clima se transforma em todos os continentes.

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E, na Amazônia, esses impactos não são apenas números ou gráficos: são vividos no cotidiano de aldeias indígenas que enfrentam a derrubada ilegal de madeira, a invasão de seus territórios e a pressão constante sobre seus modos de vida. Cada árvore derrubada e cada rio contaminado significam não apenas perda ambiental, mas o enfraquecimento de culturas milenares, de línguas, saberes e costumes que resistem há séculos.

Indígenas Yanawana da TI Kaxinawa sofrem com a cheia do Rio Humaitá Em Tarauacá (Foto: Reprodução Whatsapp)
Indígenas Yanawana da TI Kaxinawa sofrem com a cheia do Rio Humaitá Em Tarauacá (Foto: Reprodução Whatsapp)

Neste cenário crítico, a 30ª Conferência do Clima — a COP30 — realizada de 10 a 21 de novembro no coração da Amazônia, em Belém do Pará, simboliza um gesto de esperança: o encontro global que valoriza a ciência, defende a cooperação entre países e busca consensos para enfrentar os desafios climáticos.

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E é justamente desse berço de floresta que chega uma das participações mais significativas desta edição: a delegação de Mâncio Lima, a cidade mais ocidental do Brasil, abraçada por 80% de cobertura florestal preservada, marcada pela vida ribeirinha, pela ancestralidade e pela forte presença dos povos originários.

Cachoeira Pirapora - Serra do Divisor. Imagens Marcos Rocha
Cachoeira Pirapora - Serra do Divisor. Imagens Marcos Rocha

É uma cidade que vive dentro da floresta — e, por isso mesmo, não apenas fala sobre preservação, mas vive a urgência da proteção todos os dias.

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Lideranças Nukini, Puyanawa e Nawa representam o município na Cúpula dos Povos, levando ao debate internacional a voz de quem sempre cuidou da Amazônia muito antes de existir ciência, conferências ou fronteiras.

“Sem rio e sem floresta a gente não vive”: a voz do povo Nukini na COP30

Depoimento reorganizado a partir das falas de Txane Pistani Nukini


Txane Pistani Nukini, liderança espiritual do povo Nukini, destaca a alegria e o peso da responsabilidade de estar no centro das discussões globais: “Não é a primeira vez que participo de encontros internacionais, mas estar aqui na COP30 é especial. Temos a chance de apresentar propostas ambientais e fortalecer essa rede de apoio pela preservação da floresta dentro do nosso município.”

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Ele explica que a presença indígena na conferência é também um movimento de fortalecimento cultural e político: “Estamos aqui buscando parcerias para limpar rios, reflorestar áreas degradadas, promover campanhas contra o desmatamento. Porque a gente sabe: sem rio, sem floresta, a gente não vive. Participar da Cúpula dos Povos nos fortalece como cultura, como povo, como guardiões da floresta.”


Txane destaca o papel de Mâncio Lima como território amazônico de fronteira, onde floresta, cidade e tradição se misturam: “Nossa cidade está dentro da floresta. E é por isso que estamos aqui: para garantir alianças que sustentem nossos projetos, que fortaleçam nosso povo e que ajudem o planeta. Queremos autonomia, sustentabilidade e uma relação equilibrada com a natureza.”

“Unificar forças para dias melhores”: o chamado do povo Puyanawa

Depoimento reorganizado a partir das falas de Pue Puyanawa


Também presente nos debates, o líder do Povo Puyanawa, Pue Puyanawa ressalta o caráter histórico da participação dos povos tradicionais acreanos na COP30: “É um privilégio representar o povo Puyanawa nesta conferência, falando da nossa cultura, da nossa espiritualidade e da tradição que carregamos. Estamos aqui unificando forças e coragem para buscar dias melhores para nossa comunidade, para nossa floresta e para o Acre.”

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Para ele, a COP30 é espaço de alianças concretas: “Na Zona Verde já estamos conversando com financiadores e apoiadores da causa indígena e da floresta em pé. São pessoas e instituições empenhadas em preservar a Amazônia, equilibrar o clima e proteger as nascentes dos rios.”


O líder reforça que o compromisso é coletivo e intergeracional: “Nosso trabalho é cuidar da terra, da vida, da floresta. Garantir comida, água limpa, dignidade. E deixar para as futuras gerações a herança que nossos antepassados nos entregaram. Estamos aqui para isso: para buscar apoio, autonomia e reconhecimento.”

“A COP da verdade não nos escuta”: a denúncia das mulheres Nawa

Depoimento organizado a partir das falas de Lucila da Costa Moreira


Representando o povo Nawa e, especialmente, as mulheres indígenas de Mâncio Lima, Lucila da Costa Moreira fez um forte desabafo sobre a invisibilização das vozes que mais sofrem com os efeitos da crise climática e da demora na demarcação dos territórios: “Eu venho aqui falar do nosso território, da demarcação, da luta das mulheres do povo Nawa. Mas não vejo esta COP como a ‘COP da verdade’. Nós, mulheres indígenas, quase não temos espaço para falar da nossa realidade.”

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Ela denuncia a falta de avanços concretos e a dificuldade de expressar as experiências vividas nas aldeias: “Falamos pouco sobre o que vivemos com as mudanças climáticas e com a demora da demarcação. Quem sofre na pele não está tendo a oportunidade de ser ouvido.”


Lucila reforça que sua presença é um ato de resistência: “Estamos aqui tentando levar nossa mensagem de mulheres da floresta, dentro de um território ainda não reconhecido plenamente. Mas sentimos que nossa voz não chega onde deveria chegar.”

 

Uma presença que ecoa além da COP30


A participação dos povos Nukini, Puyanawa e Nawa na COP30 não é apenas representativa — é simbólica. Mostra ao mundo que a Amazônia não é um conceito abstrato, mas território vivo, habitado, pulsante. Mâncio Lima chega a Belém como cidade-fronteira da floresta, carregando na bagagem uma das maiores biodiversidades do país e a sabedoria de povos que sempre entenderam aquilo que a ciência agora confirma: preservar a natureza é preservar a vida.

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Na COP30, suas lideranças não apenas denunciam, mas propõem; não apenas pedem, mas oferecem ao mundo caminhos ancestrais para um futuro sustentável. E fazem isso com a força de quem sempre esteve — e continua — na linha de frente da proteção do planeta.

Assessoria de Comunicação Social

Jenildo Cavalcante

Imagens: MMA/cedidas

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