O Prefeito Isaac Lima (PT) acompanhado de Secretários Municipais e Vereadores Locais receberam nesta terça (22) visita técnica do Diretor de Ensino e Pesquisa da Fundação de Medicina Tropical, Dr. Wuelton Monteiro e integrantes de sua equipe.
Na ocasião o Professor fez uma explanação as autoridades locais sobre o projeto : IMPLANTAÇÃO DO TESTE RÁPIDO PARA DIAGNÓSTICO DA DEFICIÊNCIA DE GLICOSE 6-FOSFATO DESIDROGENASES EM UNIDADES DE DIAGNOSTICO DE MALÁRIA DE DOIS MUNICÍPIOS DA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA.
Contextualizando, esse projeto, a malária é uma doença parasitária infecciosa febril aguda que ocorre principalmente nos países situados nas regiões tropicais e subtropicais. O quadro clínico típico é caracterizado por febre precedida de calafrios, seguida de sudorese profusa, fraqueza e cefaleia, que podem ocorrer em padrões cíclicos, dependendo da espécie de plasmódio infectante. Os mosquitos vetores da malária, pertencem à ordem Diptera, família Culicidae, gênero Anopheles, Meigen, 1818. Este gênero compreende aproximadamente 400 espécies, das quais cerca de 60 são encontradas no Brasil. A espécie Anopheles darlingi, é o principal vetor da malária no país. As espécies brasileiras vetores de malária são encontradas em quase todo o Brasil, por esta razão o país é considerado área receptiva de malária.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 40% da população mundial vive em áreas endêmicas para a malária, totalizando, em 2015, 91 países. No mundo, os casos da doença reduziram em 21%, passando de uma estimativa de 262 milhões em 2014 para 212 milhões em 2015. Os registros estimados de mortes por malária também apresentam reduções entre 2000 a 2015, passando de 839.000 no ano 2000 para 429.000 em 2015, um decréscimo de 62%
Só para se ter uma noção do problema, no Brasil, a transmissão da malária está quase totalmente restrita à região Amazônica (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), que concentra mais de 99% dos casos notificados.
O tratamento realizado com a droga atual, chamada primaquina, para fazer a cura radical da malária vivax (aquela que elimina todas as formas parasitárias do organismo, inclusive a forma latente do fígado que é responsável pelas recaídas), tem uma estimativa de tempo de tratamento de 7 (sete) a 14 (quatorze) dias, a depender da dosagem utilizada. Sem contar, que essa droga vêm gerando efeitos adversos nos pacientes.
O Prof. Wuelton, explicou que existe uma nova droga com eficácia para combater a malária, chamada tafenoquina. Essa droga já foi testada em vários Centros do Mundo, inclusive no Brasil, na cidade de Manaus/AM, obtendo um grau elevado e comprovado de eficácia.
Segundo o Prof. Wuelton, responsável pelo projeto, a previsão é que a nova droga seja implementada pelo Ministério da Saúde do Brasil, num horizonte de 2 a 3 anos, com impacto direto no tratamento, reduzindo o tempo de tratamento total da malária para 03 (três) dias, ou seja, permitindo melhoria direta para o paciente no seu quadro clínico.
Para o Professor a ideia é melhorar a qualidade de vida de quem já teve ou tem malária, para isto, solicitou ao Prefeito Issac Lima, cooperação técnica para avaliar a implantação em campo do teste rápido CareStartTM G6PD (TR CSG6PD) para a detecção de deficiência glicose-6-fosfato desidrogenase (dG6PD) em indivíduos com malária vivax, em unidades de diagnóstico de malária em Mâncio Lima, com apoio da área de saúde municipal.
O chefe do executivo municipal prontamente se colocou a disposição para cooperar e ajudar o que for necessário, para que a população manciolimense tenha o melhor tratamento para esta enfermidade, bem como os agentes de saúde pública municipal, tenham a melhor qualificação para melhor atendê-los.
Clique aqui e ouça os três áudios com a explicação realizada pelo Professor Wuelton.
Sobre o Prof. Dr. Wuelton Marcelo Monteiro
Possui graduação em Farmácia-Bioquímica (Análises Clínicas) pela Universidade Estadual de Maringá (2004), mestrado em Análises Clínicas pela Universidade Estadual de Maringá (2006) e doutorado em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Universidade do Estado do Amazonas (2010). Aperfeiçoamento em Epidemiologia da Malária, no ISGLOBAL/Universitat de Barcelona, em 2011. Curso de Malaria Elimination Leadership, em 2016, pelo ISGLOBAL/Harvard University/Swiss Tropical Medicine Institute. Pesquisador da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), na Gerência de Malária, desde o 2011. Presidente da XV Reunião Nacional de Pesquisa em Malária (2018). Membro Titular do Comitê de Terapêutica do Programa Nacional de Controle da Malária, desde 2017. Membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (2017-2021).
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