No primeiro ano da pandemia de COVID-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um resumo científico divulgado nesta quarta-feira (2) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O resumo também destaca quem foi mais afetado e mostra o efeito da pandemia na disponibilidade de serviços de saúde mental e como isso mudou durante a emergência de saúde pública.
Preocupações com possíveis aumentos dessas condições já levaram 90% dos países pesquisados a incluir saúde mental e apoio psicossocial em seus planos de resposta à COVID-19, mas permanecem grandes lacunas e preocupações.
Uma das principais explicações para esse aumento é o estresse sem precedentes causado pelo isolamento social decorrente da pandemia. Ligadas a isso, estavam as restrições à capacidade das pessoas de trabalhar, busca de apoio dos entes queridos e envolvimento em suas comunidades. Solidão, medo de se infectar, sofrimento e mortes de familiares, luto e preocupações financeiras também foram citados como estressores que levam à ansiedade e à depressão. Entre os profissionais de saúde, a exaustão tem sido um importante gatilho para o pensamento suicida.
Diante deste cenário que se apresentou durante e pós-pandemia, o Município de Mâncio Lima reuniu diversos atores sociais, especialistas, profissionais de saúde para discutir saúde mental nas políticas públicas nacionais, estaduais e municipais na 3ª Conferencia Municipal de Saúde Mental realizada nesta quarta-feira (27), na Casa de Cultura Márcia Alencar.
“Nós estamos trabalhando esta conferência desde o ano passado porém, com a segunda onda da Covid-19 ela teve que ser suspensa, o que não impediu de analisarmos o cenário atual de pessoas acometidas com problemas psicológicos e começar a pensar em políticas públicas mais urgentes, o cenário é preocupante e cresce a cada dia. O que esperamos é que ao final do evento as propostas sejam com base no cenário local e que sejam implantadas de imediato”, ressaltou Ajucilene Gonçalves Mota, Secretária Municipal de Saúde.
A Conferência de Saúde mental acontece em um dos períodos mais complexos e tristes da história recente de nosso país, marcado por crises nos âmbitos sanitário, político, social e econômico, colocando um conjunto de desafios a todos os coletivos, instituições e pessoas que lutam, intransigentemente, em defesa da democracia, dos direitos humanos e da exigência de superação das profundas desigualdades sociais. Esta, constitui-se momentos ímpares de mobilização, reflexão e debate para a análise, avaliação e formulação de políticas públicas, de modo que, no contexto atual, são ainda mais relevantes, por se configurarem como uma das práticas coletivas concretas de consolidação da democracia e da efetiva participação cidadã na construção de uma sociedade democrática, justa, diversa e solidária.
“Um dos nossos maiores desafios desta conferência não é somente a conscientização da população que nós precisamos de melhorias para a saúde mental, mas sim o desafio de descontruir a ideia de que um paciente com problemas psíquicos tem que ser tratado dentro de um hospital ou centro especializados nós, precisamos colocar esses pacientes para serem tratados com a família, com um atendimento diferenciado e humanizado para fazer com que o paciente fique curado. Houve um aumento absurdo de casos de ansiedade, depressão e até suicídio e, este momento é muito oportuno para mudarmos este cenário, criarmos políticas mais pontuais, beneficiando tanto na área da atenção básica quanto na de alta e meia complexidade fazendo a diferença na saúde mental”, disse Manuela Bussons, Secretaria Executiva do Conselho Estadual de Saúde.
O eixo principal da 3ª CMSM é “Fortalecer e garantir Políticas Públicas: o SUS, o cuidado de saúde mental em liberdade e o respeito aos Direitos Humanos”, dividido em quatro subeixos, sendo: Cuidado em Liberdade como Garantia de Direito à Cidadania; Gestão, financiamento, formação e participação social na garantia de serviços de saúde mental; Política de saúde mental e os princípios do SUS: Universalidade, Integralidade e Equidade; Impactos na saúde mental da população e os desafios para o cuidado psicossocial durante e pós-pandemia.
A 3ª CMSM destaca-se por ter sido a primeira intersetorial, com participação de usuários, trabalhadores e gestores do campo da saúde e de outros setores, considerado um avanço em relação às conferências e atende às exigências reais e concretas que a mudança do modelo de atenção trouxe para todos.
“Somos o município de quase 20 mil habitantes e com uma geografia peculiar dos municípios amazônidas, embora com isso, nossa luta é diária para trazer as melhorias de saúde para nossa gente. Embora ainda haja preconceitos em relação a saúde mental, eles precisam ser quebrados para melhor acolher essa clientela tão especial com dignidade e amor. Na minha família tem pacientes com problemas psiquiátricos e, sei o quanto o tratamento é doloroso para a família e para o paciente, pensar em políticas inclusivas, inovadoras e humanizadas é o nosso maior desafio no dia hoje. Desejo que tenhamos propostas exitosas, inclusivas e inovadoras”, finalizou Ângela Valente, Prefeita em Exercício.
A Secretaria Municipal de Saúde e Conselho Municipal de Saúde foram os responsáveis pela realização da Conferência Municipal de Saúde Mental e emitiram relatório da respectiva conferência, juntamente com a lista dos delegados eleitos para a Etapa Estadual, considerando-se os prazos previstos no Regimento Interno da mesma. Ao final foram eleitos 8 (oito) delegadas (os) titulares, respeitando a paridade: 4 (quatro) usuários do SUS, 2 (dois) Trabalhadores em Saúde e 2 (dois) Gestores/Prestadores de Serviços bem como seus respectivos delegados suplentes que representarão o Município na 3ª Conferência Estadual de Saúde Mental.
Assessoria de Comunicação Social
Jenildo Cavalcante
Beatriz Monte
Imagens: Evandro Ibernon
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