top of page
Foto do escritorJenildo Cavalcante

Mâncio Lima 45 Anos: cidade turística e empreendedora


“Neste recanto do Brasil, tem um povo forte e varonil Mâncio Lima, terra gigante onde Deus abençoou nosso Brasil”.


O texto a seguir mostra a história de um povo aguerrido, trabalhador e que a cada se reinventa. A história da cidade mais ocidental apenas começa e, foi na Avenida Japiim, no dia 30 de maio que o seu povo, junto com o texto do Mestre e Professor Raimundo Ibernon Chaves foi a Avenida Japiim contar a história desta cidade pujante, acolhedora e revolucionária. Cada desfile na Avenida emocionou e encheu o coração de cada manciolimenses de esperança e orgulho.

Nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX os seringais na Amazônia estavam em plena atividade. Era preciso produzir borracha para abastecer o pujante mercado europeu. Um sem número de produtos carecia da goma elástica produzida do látex, como matéria prima. Formou-se assim uma poderosa rede: capital internacional – casas aviadoras – seringalistas – seringais - seringueiros. Nesse contexto um povoado vai se destacar no extremo ocidental amazônico brasileiro: a Vila Japiim, nome dado devido à grande quantidade das características aves de penugem amarela e preta, com canto singular e marcante aninhados nas árvores às suas margens.

O portentoso paraná abrigava, além dos famosos pássaros, também muitas seringueiras em suas matas e várzeas alagadiças. Alojados na colocação “barraquinhas” um grupo pioneiro de cinco seringueiros fez um duplo trabalho de desbravamento: faziam a borracha e, nas caçadas em terra firme, à margem direita, adentravam pouco a pouco a planície japiiense, também cortada por inúmeros igarapés e rios de porte médio, outrora navegáveis, como foi o caso do igarapé Branco. Em depoimento o Sr. José Felipe nos afirma que “entre terra firme e várzea, formou-se um seringal de 600 facas”, isto é, um seringal com 600 homens trabalhando. Uma outra testemunha da então, dos tempos de ouro do seringal Barão do Rio Branco, atesta que Mâncio Lima comandava dali um grande negócio, transformando o Barão na terra da borracha e do gado. Ele incentivava a vinda das pessoas dando-lhes terra. “São poucos os que nos anos 30 e 40 não tenham prestado algum tipo de trabalho no próspero seringal. Era o centro econômico da Vila Japiim”, comenta o sr. Francisco Azevedo.


OS POVOS INDÍGENAS

É na época da borracha que se dá o contato com os indígenas: Puyanawa, Nawa e Nukini. Com história milenar, estes povos seguem a linhagem étnica de outras tribos amazônicas. Deslocados de seu habitat originário, premidos pela presença do homem branco, buscam refúgio no extremo ocidental amazônico. Mas o ‘expansionismo gumífero’ lhes traçara o destino. Via de regra o relacionamento com o branco lhes trouxe inumeráveis prejuízos culturais que culminava com o aldeamento e o trabalho escravo. Foi necessário muita resistência e firmeza por parte dos povos étnicos para que a sua história começasse a ser reconstruída. Com a Constituição Cidadã em 1988 foram aprovados os marcos legais e criadas as terras indígenas. Era o reconhecimento de um direito dos nossos povos originários.


A VILA JAPIIM E SEUS CICLOS ECONÔMICOS: PECUARIA E AGRICULTURA

Inspirados no trabalho pioneiro do Cel. Mâncio Lima, que entremeava as atividades com a borracha a outras atividades ligadas à agricultura e pecuária, muitos empreendedores vão aí também se destacar: Joaquim Generoso de Oliveira, José Felipe Santiago, Manoel Rodrigues Filho, Raimundo Eleutério Silva, Francisco Bernardo, Manoel Caetano de Alencar, Francisco Dias, entre muitos outros. Vinham pessoas de todos os lugares do vale do Juruá procurar abrigo nas rendáveis e frutíferas terras do Japiim. Suas planícies emplumadas (plumas) e gordurosas (capim gordura) eram férteis e tudo o que se plantava, dava. Toda essa gente entra no ramo da agricultura e da pecuária e os resultados começavam logo a chegar. A vila Japiim, que se notabilizara pela grande produção de borracha, conhecia um novo ciclo econômico: grande produtora de carne de porco, começa a introduzir também o boi. Mas é da agricultura que vêm os melhores resultados: o café, a farinha, o açúcar e o coco se destacam neste interregno.


AFIRMAÇÃO DE UMA IDENTIDADE CULTURAL E SOCIAL

Estava assim formada a Vila Japim. Seus personagens são múltiplos, variados, inventivos, folcloristas, cantores e futebolistas, carpinteiros, agricultores, pescadores, comerciantes, barqueiros. As donas de casa mantinham a casa limpinha e o terreiro no chão de areia varrido minunciosamente a tal ponto de não se ver uma folha caída. Formaram-se as equipes de futebol. Cada bairro tinha seu time querido e sua torcida organizada: Ipiranga, Guarani, Santo Antônio, Colônia eram os protagonistas neste quesito. As casas para a organização de festas noturnas foram também surgindo, normalmente organizadas pelas equipes de futebol em cada bairro.


A PRESENÇA RELIGIOSA

A religião é fator marcante na Vila Japiim, com a forte presença de padres alemães que se destacaram pela bondade e a visão religiosa e social. A carência espiritual era forte e esses missionários deram grande apoio aos homens e mulheres da comunidade em pujante crescimento. Cada bairro com seu santo padroeiro: São Sebastião, São Francisco, Santa Rita, e assim por diante. Chegaram também os primeiros pastores evangélicos nessa época. Criou-se até uma certa rivalidade entre as religiões, que foi logo superada e todos passaram a conviver harmoniosamente com sua fé.


1977: A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E A PRIMEIRA ELEIÇÃO DIRETA

Haviam se passado quase 100 anos desde a chegada dos primeiros seringueiros. A emancipação política começava a ganhar espaço nas conversas dos líderes políticos que também mantinham contato com os líderes do então Território Federal do Acre. Foi muito importante para a consolidação dessa ideia a visita do, à época, governador Guiomard dos Santos. O sr. José Manduca nos conta assim esse feito: “Quando, num belo dia, o Guiomard dos Santos veio até Cruzeiro do Sul e daí a convite de Mâncio Lima, estendeu a visita à pequena Vila.

Como era época de verão, a canoa chegou ao porto com dificuldades pelo varadouro já quase seco. Eram quatro homens arrastando com lama até o meio da perna. Aí eles subiram o ‘pé da terra’ e estava lá uma multidão esperando. Aí o governador falou: “o Japiim havia de chegar para o lugar que merecia e se tornar um município do Acre”. Em 14 de maio de 1976 o Dep. Estadual Geraldo Pereira Maia apresentou requerimento à Assembleia Legislativa do Acre, pleiteando a criação do Município de Mâncio Lima, em homenagem ao pioneiro homônimo, que foi concedido em 14 de maio de 1977 pela lei 588. No dia 30 de maio de 1977 foi empossada como primeira prefeita Railda Pereira da Silva.

Ainda tivemos outros prefeitos nomeados até a realização da primeira eleição em 1985, com a abertura democrática que brotara do movimento ‘Diretas Já’ em contraposição ao regime ditatorial que se instalara no País em 1964. Na primeira eleição é eleito Paulo Lima Dene, prefeito, e os vereadores para a primeira legislatura: Wilson Siqueira, Raimundo Reginaldo, Djalma Nunes, entre outros.


Portanto, já completamos hoje 45 anos de vida constitucional, com o povo decidindo pelo voto quem governa a cidade. Cada prefeito, cada vereador - como representantes do povo - deu a sua contribuição para o crescimento e afirmação cultural, política e educacional da nossa cidade.

SIGAMOS FIRMES CONSTRUINDO ESTE ‘RECANTO DO BRASIL’!

Galeria de imagens: